Jiovanni Ferreira da Silva1
1. TEXTO
Jesus cura o cego Bartimeu (Marcos 10:46-52; Mateus 20.29-34; Lucas 18.35-43)
46 Καὶ ἔρχονται εἰς Ἰεριχώ. καὶ ἐκπορευομένου αὐτοῦ ἀπὸ Ἰεριχὼ καὶ τῶν μαθητῶν αὐτοῦ
καὶ ὄχλου ἱκανοῦ ὁ υἱὸς Τιμαίου Βαρτιμαῖος, τυφλὸς προσαίτης, ἐκάθητο παρὰ τὴν ὁδόν. 47
καὶ ἀκούσας ὅτι Ἰησοῦς ὁ Ναζαρηνός ἐστιν ἤρξατο κράζειν καὶ λέγειν, Υἱὲ Δαυὶδ Ἰησοῦ,
ἐλέησόν με. 48 καὶ ἐπετίμων αὐτῷ πολλοὶ ἵνα σιωπήσῃ· ὁ δὲ πολλῷ μᾶλλον ἔκραζεν, Υἱὲ
Δαυίδ, ἐλέησόν με. 49 καὶ στὰς ὁ Ἰησοῦς εἶπεν, Φωνήσατε αὐτόν. καὶ φωνοῦσιν τὸν τυφλὸν
λέγοντες αὐτῷ, Θάρσει, ἔγειρε, φωνεῖ σε. 50 ὁ δὲ ἀποβαλὼν τὸ ἱμάτιον αὐτοῦ ἀναπηδήσας
ἦλθεν πρὸς τὸν Ἰησοῦν. 51 καὶ ἀποκριθεὶς αὐτῷ ὁ Ἰησοῦς εἶπεν, Τί σοι θέλεις ποιήσω; ὁ δὲ
τυφλὸς εἶπεν αὐτῷ, Ραββουνι, ἵνα ἀναβλέψω. 52 καὶ ὁ Ἰησοῦς εἶπεν αὐτῷ, Ὕπαγε, ἡ πίστις
σου σέσωκέν σε. καὶ εὐθὺς ἀνέβλεψεν καὶ ἠκολούθει αὐτῷ ἐν τῇ ὁδῷ.2
46 E foram para Jericó. Quando ele saía de Jericó, juntamente com os discípulos e numerosa multidão, Bartimeu, cego mendigo, filho de Timeu, estava assentado à beira do caminho 47 e, ouvindo que era Jesus, o Nazareno, pôs-se a clamar: Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim! 48 E muitos o repreendiam, para que se calasse; mas ele cada vez gritava mais: Filho de Davi, tem misericórdia de mim! 49 Parou Jesus e disse: Chamai-o. Chamaram, então, o cego, dizendo-lhe: Tem bom ânimo; levanta-te, ele te chama. 50 Lançando de si a capa, levantou-se de um salto e foi ter com Jesus. 51 Perguntou-lhe Jesus: Que queres que eu te faça? Respondeu o cego: Mestre, que eu torne a ver. 52 Então, Jesus lhe disse: Vai, a tua fé te salvou. E imediatamente tornou a ver e seguia a Jesus estrada fora.3
1 Teólogo e professor voluntário do Instituto Quadrangular.
2Black, Matthew ; Martini, Carlo M. ; Metzger, Bruce M. ; Wikgren, Allen: The Greek New
Testament. electronic ed. of the 4th ed. Federal Republic of Germany : United Bible Societies, 1993, c1979, S. Mc 10:46-52
3Sociedade Bíblica do Brasil: Almeida Revista E Atualizada - Com Números De Strong. Sociedade
Bíblica do Brasil, 2003; 2005, S. Mc 10:52
2. CONTEXTO
Em relação à tradução
No grego, o nome vem depois do nome do pai, o que é incomum (cf 3.17). Isto se explica pelo fato de que "filho de Timeu" nada mais é que a tradução de "Bartimeu". Deste cego, portanto, conhecia se somente o nome do pai, que foi explicado para os desinformados.
É provável que isto já tenha sido feito antes de Marcos, pois ele geralmente coloca "que quer dizer" antes de uma tradução (3.17; 7.11,34; 12.42; 15.16,42). b Para diferenciá-lo de muitos outros que naquele tempo se chamavam Jesus, acrescentava-se ao nome o lugar de origem (Schaeder, ThWNT IV, 879ss; em Marcos ainda em 1.24; 14.67; 16.6). c A capa ou túnica (himation no singular, ainda em 2.21; 5.27; 6.56; 13.16; também 11.7,8) não era uma peça para vestir, mas para colocar por cima da roupa. Consistia simplesmente de um pano mais ou menos quadrado, que era usado como cobertura para dormir, cavalgar ou viajar. O mendigo estava sentado sobre ela, com uma parte aberta à sua frente para recolher as esmolas e a outra extremidade cobrindo os seus ombros. d "Rabôni", forma secundária mais enfática de rabi, com um tom e sentido de mais respeito, que Lc 18.41 traduz por "(meu) Senhor". O termo só aparece ainda em Jo 20.16, onde é traduzido por "Mestre", como Marcos costuma fazer (cf 4.38n). e anablepein precisa com freqüência ser traduzido como "levantar os olhos" (p ex Lc 19.5; Mc 6.41). Aqui, porém, isto não faria sentido. O cego recupera a visão, o que dá a entender que ele não era cego de nascença. f hypagein não precisa significar "vá embora", de modo que o ex-cego teria seguido Jesus contra a vontade deste. O imperativo também podia ter o sentido popular de "avante". Em Marcos ele indica que um pedido foi atendido (7.29) e de um modo geral cria expectativa pelo que segue (1.44; 6.38; 10.21; 16.7; Delling, ThWNT VIII, 507s).
Observações preliminares
1. Contexto. Será que é justificado o título que omite a cura do cego em favor da sua fé? De fato, o relato nos surpreende com a parcimônia com que menciona detalhes comuns em uma cura (idade do doente, duração e gravidade do seu mal, processo de cura, admiração dos espectadores).
Dos sete versículos, seis são precedentes à cura, chamando a atenção passo por passo para a atitude de fé do cego. Depois de três palavras sobre o sucesso da cura, a atenção é voltada logo de novo para o fato de ele seguir a Cristo. Com isto o trecho se encaixa muito bem no tema do discipulado da divisão principal 8.27-10.52. Ao mesmo tempo ele serve de fecho marcante. Enquanto Jesus, em seu caminho para a cruz, sofria constantemente a incompreensão dos seus discípulos (medo, ambição, mal-entendidos), ele aqui recebe um sinal positivo. A fé de Bartimeu funciona como uma promessa. Jesus não morrerá em vão. Ele terá uma comunidade, mas ela será composta dos insignificantes, dos esquecidos e desprezados. Os cegos vêem mais que os que têm olhos. Por fim, a história também tem "caráter de prelúdio" (Kuby). No chamado pelo filho de Davi nos v 47s todos lembramos de 11.9s. A capa do v 50 prenuncia as muitas capas colocadas à disposição de Jesus em 11.8.
2. Fontes. Uma comparação atenta com a cura do cego em 8.22-26 desvenda um estilo de narrativa bem diferente em nosso trecho. Lá Jesus sempre é só "ele", aqui ele é seis vezes "Jesus". De qualquer forma, a menção de nomes destaca este trecho: Jesus, Jericó, Nazareno, filho de Davi, Timeu, Bartimeu; cf Rabôni. O trecho deve ser entendido, preservado e interpretado como um todo.
46 Para todos os grupos de peregrinos que se dirigiam do norte para a festa em Jerusalém, Jericó era um importante ponto de passagem. E foram para Jericó. A cidade, além de ser um posto de fronteira e alfândega (Lc 19.2), também era a última oportunidade de abastecimento de provisões e local de reunião, em que grupos pequenos se organizavam para a viagem em conjunto. Desta forma protegidos contra os salteadores de estrada (Lc 10.30), os peregrinos partiam deste último oásis no vale do Jordão para o último trecho de uns 25 km, uma subida íngreme de perto de 1.000 m, através do deserto acidentado da Judéia até a cidade do templo. Quando ele saía de Jericó, juntamente com os discípulos e numerosa multidão. Pesch II, p 170,323 sugere que a menção específica de chegada e partida pode indicar um dia completo de descanso. Os peregrinos tinham de guardar o sábado.
Bartimeu, cego mendigo, filho de Timeu, estava assentado à beira do caminho. Os judeus religiosos tinham a obrigação de dar esmolas, especialmente na festa da Páscoa (14.5,7). Os mendigos podiam contar com isso. Desta maneira a festa se tornava um ponto alto também para eles que, como deficientes, não podiam entrar no santuário. Eles se posicionavam na saída da cidade, onde a caravana partia com disposição religiosa para a última etapa. Sobre a cegueira, cf opr 3 a 8.22-26.
47 E, ouvindo que era Jesus, o Nazareno. Nesta encruzilhada de estradas Jesus era assunto de conversa há muito tempo. Sua descendência de Davi, suas intervenções desafiadoras em palavra e ação e sua caminhada em direção a Jerusalém estavam na boca do povo. Os cegos captam mais do mundo à sua volta do que este imagina. O ouvir leva ao crer neste homem (cf 5.27; 7.25; Rm 10.17s). Pôs-se a clamar: Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!
"Filho de Davi" é repetido no v 48 sem o acréscimo do nome de Jesus. Nisto está à ênfase. A expectativa judaica de que o Messias poderia traçar sua ascendência até Davi remonta a 2Sm 7.12-16. Todo judeu, desde sua infância, clamava por misericórdia três vezes ao dia e pelo restabelecimento do "reinado da casa de Davi" (14a declaração de louvor da oração de dezoito petições). Mais tarde foi acrescentado: "Deixa brotar logo o renovo de Davi e aumenta seu chifre com tua ajuda" (van der Woude, ThWNT IX, 512s). Se levarmos em conta ainda a interpretação judaica do Sl 146.8: "Quando ele vier curar o mundo, começará com os cegos" (Schrage, ThWNT VIII, 284), estão dadas todas as condições para a atitude deste cego como de um judeu com orientação messiânica no seu tempo. De modo que ele se lança sobre a sua fé, ou a fé cai em seu coração, e ele grita com todas as forças o antigo kyrie eleison da Bíblia (p ex Sl 123.3; em Marcos ainda 5.19).
48 E muitos o repreendiam, para que se calasse. De acordo com o v 49, eles estavam a serviço de Jesus, portanto devem ter sido discípulos. Será que eles se incomodaram com o volume dos seus gritos, ou acharam que a confissão aberta do Messias era perigosa (v 52), ou estão pensando em ordens anteriores de guardar silêncio (8.30)? O cego pouco se importou com os motivos deles. Ele cada vez gritava mais: Filho de Davi tem misericórdia de mim!
49 O v 49 é exclusivo de Marcos, marcado pelo uso tríplice da palavra "chamar": Parou Jesus e disse: Chamai-o. Totalmente contrário à sua maneira de agir em 8.23-25 e parecido com 3.3, ele quer que todos testemunhem a cura, que equivale ao sinal do Messias.
Novamente ele requisita para isto os seus discípulos, apesar da falta de entendimento que tinham acabado de apresentar, da mesma forma como por ocasião das multiplicações dos pães (6.35-41; 8.4s) ou da bênção das crianças (10.13s). O fracasso deles jamais anula a sua escolha. Chamaram, então, o cego, dizendo-lhe: Tem bom ânimo; levanta-te, ele te chama.
50 Lançando de si a capa, levantou-se de um salto e foi ter com Jesus. Sem ajuntar e guardar as esmolas que já recebera, ele corre imediatamente na direção da voz que chama e se aproxima com as mãos estendidas de Jesus -totalmente confiança e esperança.
51 Perguntou-lhe Jesus: Que queres que eu te faça? Lit. "respondeu", mas sem o sentido costumeiro (cf 11.22n), somente dando a entender que Jesus tomou a palavra com determinação. Ele perguntou como um rei na audiência. O cego se agarra pela fé à oportunidade que lhe foi concedida. Com isto ele se torna o oposto exato de Tiago e João no v37. Eles também "querem" algo, mas a impressão que ficou foi de constrangimento. Eles queriam enquadrar Jesus no caminho deles; Bartimeu deixou-se enquadrar por Jesus, como mostrará o v 52. Respondeu o cego: Mestre, que eu torne a ver.
52 Então, Jesus lhe disse: Vai a tua fé te salvou. Em retrospectiva a conduta do cego recebeu o nome de "fé". Como sempre, é fé em Deus na presença de Jesus (cf 1.15; 2.5; 5.34,36; 9.24; 10.27). Ela vem de ouvir (v 47), não retrocede diante de obstáculos (v 48), segue o chamado deixando tudo para trás (v 50) e se agarra ao poder de Deus (v 51).
E imediatamente tornou a ver e seguia a Jesus estrada fora. "Seguir a Jesus" foi um conceito central na divisão principal que se encerra aqui (8.34; 9.38; 10.21,28,32), sempre em seu sentido pleno, nunca como um simples movimento de correr atrás. O imperfeito descreve seu impulso e sua perseverança "estrada fora", isto é, pelo caminho até a cruz em Jerusalém (cf opr 2 à divisão principal a partir de 8.27). Jesus acolhe Bartimeu em seu séquito, o que ele nunca fazia com quem tinha sido curado (no máximo em Lc 8.2). Com isto ele aceita a confissão messiânica deste homem e se aproxima como rei, pronto para ser coroado em Jerusalém.
3. MENSAGEM
Bartimeu era um homem que não tem nem nome no relato bíblico e ouviu dizer que Jesus passaria por ali no caminho de Jericó4 e ele começou a esperar a presença do rabi (mestre). Ele ouviu dizer que onde o mestre passa tudo se transforma, tudo que era velho fica novo, tudo que era torto se endireita tudo ele pode fazer!
E então aquele homem começa a crer então aquele homem começa a ter fé, então aquele homem não era ninguém.
Aquele homem era apenas mais um deficiente visual naquele caminho, a bíblia nos relata que possivelmente aquele homem não fosse cego de nascença ou não era totalmente cego.
Mas quando Bartimeu percebe a multidão ele começa a gritar:
Jesus, Jesus, filho de Davi5 tem compaixão de mim.
4 JERICÓ: Povoado situado na planície do rio Jordão, ao pé da subida a Jerusalém. Antiga cidade situada a vários quilômetros a oeste do rio Jordão e a norte do mar Morto.
Bartimeu gritava e gritava pedindo a atenção de Jesus, porem em nenhum momento tentaramno
ajudar agora que ele vê a esperança de ser curado por Jesus aqueles que estavam a sua volta diziam para se calar. Porem Jesus em meio a toda aquela multidão houve a voz daquele homem e manda-o chamar (Deus conhece a sua voz) e pergunta-o: O que queres que eu te faça?
Imediatamente Bartimeu diz: Que eu torne a ver.
Esse cego já havia procurado a cura em todos os lugares e tempos agora estava abandonado a beira do caminho como eu e você um dia estivemos.
Porem aquele homem teve fé e continuo clamando, eu não sei quanto tempo tem o seu problema, eu não sei há quanto tempo você está pedindo ajuda, mas hoje Deus me enviou aqui para dizer: NÃO PARE DE CLAMAR, pois ele esta te ouvindo e ele vai te curar desta sua enfermidade seja ela biológica, espiritual, financeira ou sentimental.
Mas agora aquele homem pode contemplar as maravilhas de Deus e seguir a Jesus.
Jesus atendeu ao pedido e Bartimeu e hoje ele quer atender o seu, clame em alta voz:
Jesus, Jesus tende compaixão de mim e ele pode e vai te ouvir e o seu milagre vai chegar.
5 FILHO DE DAVI Título ou nome que os israelitas davam ao Messias que esperavam. Ele seria descendente de Davi e viria para ser rei como Davi tinha sido (Mateus 21.9).
4. REFERÊNCIAS
1. Black, Matthew ; Martini, Carlo M. ; Metzger, Bruce M. ; Wikgren, Allen: The Greek New Testament. electronic ed. of the 4th ed. Federal Republic of Germany : United Bible Societies, 1993, c1979, S. Mc 10:46-52
2. DICIONÁRIO BÍBLICO EBENEZER. Versão Eletrônica 3.0,
3. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. O Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, 3ª. Ed. Positivo, revista e atualizada do Aurélio Século XXI, 2004.
4. HOUAISS, Antônio e Vilas, Moura de Salles, Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, Rio de Janeiro; Ed. Objetiva, 2001.
5. Kaschel, Werner ; Zimmer, Rudi ; Sociedade Bíblica do Brasil: Dicionário Da Bíblia
De Almeida 2ª Ed. Sociedade Bíblica do Brasil, 1999; 2005
6. POHL, Adolf, O Evangelho de Marcos comentário esperança. Curitiba, Ed. Evangélica Esperança, 1998.
7. Sociedade Bíblica do Brasil. Manual Bíblico, 2 ed. Sociedade Bíblica do Brasil. São Paulo, 2008.
8. Sociedade Bíblica do Brasil: Almeida Revista E Atualizada - Com Números De Strong. Sociedade Bíblica do Brasil, 2003; 2005, S. Mc 10:52
9. Sociedade Bíblica do Brasil: Concordância Exaustiva Do Conhecimento Bíblico. Sociedade Bíblica do Brasil, 2002; 2005, S. Mc 10:45-52
10. Sociedade Bíblica do Brasil: Nova Tradução Na Linguagem De Hoje. Sociedade Bíblica do Brasil, 2000; 2005, S. Mc 10:52